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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Arquivo imortaliza cenário do punk rock da Alemanha oriental

BERLIM - Um pioneiro do punk rock da antiga Alemanha Oriental comunista abriu o primeiro arquivo mundial sobre a cultura jovem da RDA que sobreviveu à opressão e infiltração por parte do regime repressor daquele Estado. Michael Boehlke, que liderou uma banda chamada Planlos ("Sem Objetivo"), disse à Reuters que a opção por ser roqueiro punk afetou cada aspecto da vida das pessoas que a fizeram.

Ser punk no Estado comunista significava o fim de qualquer perspectiva de emprego ou ensino superior. Interrogatórios policiais, prisões e pressão da polícia secreta para tornar-se informante sobre o cenário punk local caracterizavam o cotidiano dos roqueiros.

"A polícia me interrogava todos os dias", disse Boehlke, acrescentando que passar tempo na prisão era uma possibilidade sempre presente para todos.

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E, embora a temida polícia secreta Stasi nunca tenha conseguido infiltrar sua banda, a Planlos, dois integrantes de outra banda punk importante da Alemanha Oriental, a Wutanfall ("Ataque de Raiva") acabaram revelando ser informantes do governo.

Para levar essa história a um público maior, Boehlke colecionou 5 mil fotos, horas de material em vídeo 8 mm e as fitas originais de quase a íntegra da música punk alemã oriental, colocando tudo em um arquivo em Pankow, na zona nordeste de Berlim.

Não quero que algum alemão ocidental venha me dizer como era o cenário punk na Alemanha Oriental. Nós fizemos parte daquele cenário, exploramos sua história e temos algo a dizer sobre ele

"Não quero que algum alemão ocidental venha me dizer como era o cenário punk na Alemanha Oriental", disse Boehlke, que hoje tem cabelos grisalhos curtos e usa terno em lugar do couro preto e das roupas rasgadas de um punk.

"Nós fizemos parte daquele cenário, exploramos sua história e temos algo a dizer sobre ele", falou Boehlke, explicando que a realidade alemã oriental frequentemente é representada com equívocos em várias mídias.

O punk chegou à RDA no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, onde ganhou força em centros urbanos como Berlim e Leipzig, seguindo as tendências da Grã-Bretanha, Estados Unidos e Europa ocidental.

"Todos nós ouvíamos estações de rádio ocidentais em Berlim, e o programa de rádio semanal de John Peel na BBC exerceu um papel grande em minha descoberta da música punk", disse Boehlke à Reuters.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/07/20/arquivo-imortaliza-cenario-do-punk-rock-da-alemanha-oriental-924943819.asp#ixzz1SfNoD3MX 
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